quinta-feira, 21 de junho de 2012

Gritaria

Eu as voltas com meu plano A de novo. Eu não consigo deixar de lado. Me desligar. Eu quero tanto. Paciência.
Arroz, feijão, carne em molho e batata doce. Não me apetece. Cade meu caviar?  Nunca provei ovos mortos de esturjão. Oh meu caviar! É chique, é fino, é nobre. Como inventam besteiras.  Todos os esforços possíveis para distinguir muito bem as duas classes, pobres e ricos, só existem esses dois grupos no mundo inteiro, o resto é bobagem. Caviar, helicóptero e teatro contra mortadela, ônibus e televisão. E eu pensando bobagens, com a tarde pela frente aqui dentro e o sol lá fora.
Acabou a gritaria. Como esse povo gosta de vir para o centro berrar. E nas eleições sempre os mesmos se elegem. A mesma panela, a mesma corja. Mesmo com as janelas fechadas, a manhã toda  ouvi a gritaria. Não prestei atenção sobre o que era. Algum protesto contra alguma coisa, alguma greve, sei lá. Eu acho estranho a maneira como se protesta.  Contra o aumento da passagem de ônibus, as pessoas saem as ruas, apedrejam, queimam ônibus, trancam ruas, berram, entram em confronto com a polícia, se expõem. Talvez fosse mais eficaz todos os trabalhadores irem a pé para o trabalho. Todos, no país inteiro irem a pé, chegassem a hora que chegassem. Muitos chegariam na hora de retornar, outros depois. A pé todos os trabalhadores que não tem vale transporte e os que tem também, solidários. Todos os estudantes, todos os idosos. Todos a pé e meio país parado. Um protesto em prol da diminuição dos lucros das empresas de ônibus. Ninguém fala em diminuição de lucros. E acabou minha folga. 

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