sexta-feira, 11 de maio de 2012

Árvores


Ontem levei quase uma hora para chegar  em casa. E eu reclamo dos 20 minutos. Eu tenho muita sorte. Moro numa zona razoável. Num prédio pequeno. Perto de zonas comerciais. Pior seria morar num Rubem Berta da vida. Já morei em algo parecido e é horrível. Vizinhos de porta. Vizinhos de janela.  Roupas pingando. Xixi de cachorro. Discussões. Fofoquinhas. Ai, tanta coisa pequena que fazem  gigante. Paradas cheias. Ônibus lotados. Isso sem pensar na parte da maloqueragem mesmo.  
Onde eu moro tem um enorme terreno abandonado do governo na frente. Quando olho pela janela vejo árvores. As vezes acordo de manhã e escuto os passarinhos. Tem o outro lado,  do lixo e dos maloqueiros que aparecem. Tudo tem dois lados. Não, tudo tem muitos lados. Melhor ficar com o lado bom. As árvores. Tem uma bem alta, não sei se é Ipê Amarelo ou uma Tipuana. Linda. E na esquina tem uma com um tronco enorme, acho que mais de duas pessoas para abraçar, as raízes imensas ultrapassaram a cerca, levantaram a calçada, suas folhas parecem com as da mangueira, não sei que espécie é. Do seu lado, grudadinha cresceu uma menor, fininha.  São muito lindas. E tem duas pequenas, entrelaçadas, fundidas uma na outra, espécies diferentes. Harmonia. Beleza. Tem Amoreira-preta. Uma trepadeira que cobre várias outras árvores com flores lilás bem clarinhas. Paricá. Jacaranda. Eu amo.  Vou bater umas fotos e colocar aqui. Para minha posteridade.
Eu quero me mudar. Quero tanto. Tanto tempo no mesmo lugar. Quero mudanças mais acentuadas. Mais perceptíveis. Transformações profundas. Na matéria. Casa. Trabalho. Rosto. Corpo. Mente. Alma. Coração. Quando?

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