sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O Cheiro da Morte

Eu senti o cheiro da morte nele. Fazia tempo que eu não sentia em alguém. As vezes é suave, nele  muito forte. A morte tem cheiro, há muitos anos eu sinto, felizmente sempre em pessoas desconhecidas. Elas passaram apenas mas todas poderiam ter voltado e nenhuma voltou. Coincidência ou todas elas morreram num curto período de tempo? Como saber? Eu não quero saber. Saberei um dia, é inevitável. 
Tudo tem cheiro nesse mundo. Baratas tem cheiro. Aonde tem barata tem o cheiro característico, não é cheiro de sujeira, é cheiro de barata. Tenho horror de barata, meus pelos arrepiam, sinto coceira. Há mais de duas décadas atrás morava em uma pensão, uma noite acordei e levantei para tomar água e me deparei com a sala cheia de baratas  voando. Passei o resto da noite acordada com o rosto coberto pelo edredom com medo de dormir e ser carcomida por elas. Alguns dizem que elas roem. De manhã esperei as outras pessoas levantarem , não havia mais nenhuma. Nunca mais as vi voando mas nunca mais levantei a noite. Eu sentia o cheiro delas em toda parte e as via correndo nos cantos. Hoje esses bichos nojentos não convivem mais comigo. Onde eu moro só tem lagartixas, ontem mesmo vi na sacada uma filhotinha, menor que a metade do meu dedo, lindinha, esverdeada, devia estar nas folhagens. Ainda bem que tem os cheiros incrivelmente bons para compensar como o do jasmim, da hortelã...
Não almoçei ainda mas estou sem fome. Tenho que voltar para minha tarde de trabalho. - Em breve os talheres de prata querida, confie.

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