quinta-feira, 27 de novembro de 2014

x

Estou exausta. Passei a maior parte da noite acordada, pensando, pensando. Tive muitas ideias, algumas mirabolantes, outras bem violentas mas nenhuma boa o suficiente para pôr em prática.
Tão ingênua a minha Flor, achou que podia lidar com aquelas criaturas medonhas e resolver. Ela as perdoaria. Tem um coração tão generoso a minha Florzinha. 
Resta-nos torcer para que as coisas não piorem. E tudo o que eu posso fazer por ela agora é tentar minimizar os danos. Não há a quem recorrer. Qualquer coisa que eu faça, deixara as coisas piores para ela. Agora só posso dar todo o carinho do mundo e ajuda-la a superar, a perdoar-se e a esquecer. Minha Flor é tão pequenina ainda, vai crescer e isso se perderá no tempo. 
E eu que não vou mais crescer, que não sou ingênua e tampouco tenho um coração generoso, vou cuidar disso. Vou ter que ficar quieta, boba por um bom tempo. E pensar e planejar e cuidar todos os movimentos daquelas criaturas podres. Por mais torto, por mais cruel e sujo que esteja este mundo, não é possível que algo não possa ser feito. Eu tenho que me acalmar. Estou tonta de ódio, de nojo.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Deus de Merda

E eu faco o que? Me atiro da ponte? Eu tenho pavor de água, não. A coisa foi aos borbulhões, mas quando chegou a minha vez tudo parou, a inércia tomou conta do mundo, do meu pelo menos. É quase impossível não pensar que, em algum lugar deste universo, tem uma criatura com poderes sobrenaturais disposta a me ferrar de todas as formas possíveis. Deus de merda. M. M. 
Tantos sonhos, tantos planos, tantos esforcos pra que? Para ir para o ralo, para o esgoto? Eu escutando mantras e mantras e mantras e pensando positivo, positivo, positivo e  me ferrando. Eu estou num beco sem saída? 

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Cade minha montanha?

Há anos peco a ele o topo de uma montanha, de um morrinho qualquer que seja e ele me acena com uma estacão subterrânea. Estarei, literalmente, debaixo da terra. Eu não mereco. 

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Tia Querida

Ela estava sentada na beira da cama, vestia uma camisola clara, delicada, os seus longos cabelos estavam soltos. Eu achei estranha aquela cena e bonita. Ela estava tão bonita. Na nossa casa não tinha cama de casal, minha mãe não usava camisola delicada e seus cabelos eu nunca via soltos.
Eu nunca lhe dei um abraco, nunca toquei o seu rosto com carinho. Eu gostava tanto dela, eu gosto dela, eu sempre gostarei. Eu sinto falta desse abraco que não existe, que nunca existirá.
Eu daria uma flor a ela quando chegasse o dia, mas ela foi embora, para sempre. Me entristece a sua partida. Me entristece nunca ter lhe dado um abraco.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

A luta e O Amor

- Você acredita em vidas passadas? Reencarnacão?
- Eu tento, desesperadamente eu tento. Pensar que é só isso, que não tem mais nada é tão triste, é revoltante. Pensar que é só isso me faz desejar ter tudo o que se pode ter aqui e que eu não tenho, é angustiante e nocivo. É perigoso demais pensar assim. Mesmo que ilusão, há  que se aguardar uma nova vida, há que se ter esperanca de algo melhor. Ela é consolo, ela é forca para os desvalidos deste mundo, mas que não seja resignacão. Que não haja conformismo, que ninguém deixe de lutar até o último instante de sua vida pela sua parte de riqueza deste mundo, porque essas riquezas são de todos os que este mundo pariu. E que em cada batalha haja amor, transborde amor, que tudo seja feito com amor e pelo amor pois só o amor dá sentido a luta e a vida.