domingo, 16 de abril de 2023

O Rio

 Não entro aqui há tanto tempo, anos eu acho. Minha vida mudou tanto. E tenho trabalhado tanto. Não aconteceu a grande explosão. Não corri pela luz clara da manhã. Ainda não. O sol não voltou a brilhar. Ainda. O último dia já passou, faz tempo. 

Os últimos anos foram difíceis. Foram escuros e sombrios. Mas no final do ano passado colhi alguns frutos de  árvores que plantei. Nem lembrava mais e de repente os frutos caíram sobre mim. Eu os aceitei. Entrei em outro mundo. Lembrando agora, não sei de onde tirei coragem. Acho que do desespero, da absoluta falta de opção. Uma tábua quando eu quase me afogava. Eu agarrei e não pretendo soltar fácil não. Encarnei um novo personagem e fui. Não sei de onde tiro coragem todos os dias, não sei, mas de algum lugar ela vem e me leva para um outro mundo.

As vezes, olho para aquelas criaturas e fico pensando se elas tem alguma ideia de quem eu sou. Não, elas não tem. Nem eu tenho mais. Tanto tempo fingindo, mentindo, delirando e me escondendo, me escondendo, me escondendo...Eu não sei mais.

E o abismo? E o primeiro ato? Eu não fiz nada. Ainda. Ainda dilacera a minha alma. Ainda sangra. Ainda me contorço de dor e de ódio. 

O sol nunca voltará enquanto eu não resolver isso. Eu sei. Eu ainda quero um rio de sangue correndo, pelos becos, pelas vielas. O abismo ainda grita. O abismo grita cada vez mais, mais, mais...

O sol voltará a brilhar, eu sei.  

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Atila Lamarino - Ondas

Chorei hoje, algumas poucas lágrimas, a tristeza é tanta que nem chorar mais consigo. Eu só queria um caminho de flores, eu só queria minhas flores felizes, eu plantei cada semente, com todo amor de que eu fui capaz. Meu caminho florido não existe e nunca existirá. Meu caminho é de dor, sempre foi, desde que nasci. Eu pensei que pudesse mudar, pudesse mudar meu destino. Quantas frases cafonas, idiotas. Eu não quero pensar nisso agora, vou surtar.

A quarta onda chegando, os casos aumentando, todo mundo sem mascára, carnaval, raves, festerês espalhados por aí. O ser humano é um bicho podre. O pior da face da terra. Provavelmente do Universo, de todos os universos, de todas as dimensões, de todos os infernos. Assisti um vídeo do Atila Lamarino só para me sentir pior. Não tem mais como barrar o Sars Cov 2, vai vir a quinta onda, e a sexta, e a sétima. Onda após onda, as pessoas idosas, com comorbidades e algumas saudáveis também, morrerão, uma após a outra, onda após onda. E tudo bem. Eu me contaminei duas vezes, uma com o vírus original, outra com o  Ômicron. Duas vezes, sem nunca pôr o pé na rua  sem mascára. As malditas mascáras de tecido, bem feito para mim. Eu sabia que não protegia, mas fui no embalo, mais barata, mais prática, usava duas triplas, seis camadas de tecido. Eu sou uma idiota. Agora uso F2, o que devia ter usado desde o ínicio. 

É desesperador isso, não por mim, mas pela peste, tenho medo de perde-la, não quero perde-la, não posso perde-la. Não quero pensar niisso.

Não quero pensar em nada. em nada. Eu não me reconheço mais. Eu não sou essa pessoa ignorante, estupida, medíocre que esta aqui. 

terça-feira, 5 de abril de 2022

Dane-se

 Há tanto tempo não venho aqui. Uns 02 anos, talvez, ou menos, não lembro. Tanta coisa aconteceu e nada mudou. O último dia também foi há muito tempo. Eu nem me dei conta. Chegou, passou e nada mudou. Não houve a explosão, não houve alegria, não houve nada, foi só mais um dia. Saí de um buraco para me ver dentro de outro. Acho que estou dentro de infinitos buracos. Isso não tem fim? 

Tive uma crise de fúria hoje. Xinguei Deus, quem mais? Filho da puta, a grande puta do universo, desgraçado...a desgraçada sou eu. Eu sei. Houve uma época que eu não pensava palavrões, houve uma época que pensava mas não escrevia, sabia tão poucos. Agora a minha mente é um amontoado de palavrões, e ódio, e sangue, e tristeza,e,e... Penso em matar todos os dias. E o Ato número 1?

Em que eu me transformei? Em que eu deixei o ódio me transformar? O meu entusiasmo, a minha vitalidade, os meus sonhos...tudo foi embora. Infeliz, lavrada de amargura, envolta em um emaranhado de pensamentos sangrentos e dor, impotente, impotente, inerte nesse buraco. Que mais posso fazer além de xingar esse deus que não existe, que nunca existiu, que nunca existirá para mim? Esse deus que eu busquei a minha vida inteira.  Esse deus a quem implorei por compaixão, por proteção para minhas flores. Deus maldito. Deus maldito.

Acho que eu estou enlouquecendo ou morrendo ou as duas coisas. Para onde foi o meu senso de humor?  Eu ria, havia tantas coisas divertidas. Eu me lembro de momentos em que eu sentia tanto amor, tanto amor, eu tinha esperança, eu acreditava. Merda. Merda. Dane-se


sábado, 15 de maio de 2021

Cinza

 A noite esta cinza, tomada pela névoa. Quase cinco da manhã e eu sem sono, sem sonho, cinza como a cerração lá fora. Cinza por dentro, cinza minha alma. Até quando vou me esconder, fugir, me iludir? É mais fácil assim, mas sou tão mais infeliz. Não posso me esconder aqui para sempre. Estou sendo egoísta, ingrata e o que mais? Por que é tão difícil viver? 

quinta-feira, 22 de abril de 2021

E a pandemia continua...

 ...e cada vez pior. Mais de 3 mil mortes por dia, pessoas entubadas, sem nenhuma sedação, amarradas à cama. Milhares aguardando uma vaga em uti, milhares morrendo sem oxigênio. Pouquíssimas vacinas, as de mais baixa eficácia, chegam aos pingos. Vacinação extremamente lenta, técnicos apenas fingem aplicar o líquido, não apertam o êmbolo, se apertam é porque a seringa esta vazia,  pessoas usam as mais diversas artimanhas para furar a fila. Frascos para dez doses contém líquido para 7 ou 8. Erro do laboratório, de uma máquina ou pessoas desviando doses? Não há vacinas nem para os grupos de risco, idosos e com comorbidades, o resto é cretinice. Agentes de segurança, apenados, índios. Assassinos, estupradores, torturadores, monstros de toda espécie serão vacinados antes de mim. Antes do cara que faz o pão que eu como. Antes da moça que dirige o uber que eu ando. É só proibir as visitas e ponto. Ah, as vítimas deles podem receber visitas no cemitério então eles tem o santo direito de receber visitas. Eles tem direitos, eles tem que ser ressocializados, isso me dá ânsia de v:ômito.  E os índios? Que fiquem onde sempre ficaram, em suas aldeias. E os que saem para trabalhar, estudar, tem tantos anticorpos para doenças em geral quanto eu. Correm o mesmo risco que eu. E agora querem colocar no grupo prioritário os professores, os motoristas de ônibus, cogita-se até colocar nesse grupo todos os demônios do inferno. Se bem que o inferno deve estar vazio, todas as pragas estão encarnadas por aqui. 

E as lojas todas abertas, o Centro lotado, e as criaturas aos berros, almoço 10 reais e compro ouro e compro cabelo e vendo a mãe  e o pai e  o filho e  o espírito santo, todas sem máscaras, é claro. Meio mundo sem máscara, ou com a máscara no queixo, Andam com peito estufado, oh sou o máximo, estou sem máscara, meio mundo de ridículos. São pessoas realmente ridículas, e estúpidas e nojentas. 

Sei que não vou conseguir me vacinar este ano, nem minhas flores. Não há o que fazer. Não tem como comprar, não tem como roubar. Eu roubaria? Claro que sim. Oh, que feio. Por que alguém tem mais direito de se vacinar do que minhas flores? Não tem. Eu roubaria sim, para cada uma das minhas flores.Prpocuro não pensar nisso, para não pirar.

Eu tinha muito medo do Ebola, que ele se espalhasse pelo mundo, me dava um desespero só de pensar e agora não sinto tanto medo do Corona. Sinto mais medo pelas flores. Deve ser porque não tem o que fazer mesmo. Esta aí, no ar, nas superfícies, em todo lugar e pelo visto, ficará por muito tempo, talvez para sempre. Se depender do maldito Bolsonaro ficará. Desgraçado, tantas mortes teriam sido evitadas se o governo tivesse comprado vacinas o ano passado. Tanto bandido nesse país e nenhum para dar um tiro? Tenho pensado muito em tiro, tenho pensado em comprar uma arma, não para atirar no presidente, é claro. Seria muito estúpido comprar uma arma e dar  um tiro, seis tiros, é seis balas que cabem num revólver? Eu não vou comprar arma alguma, não vou dar tiro algum, estou me iludindo. Nunca farei isso. Eu sei. Também sei que vou matar. Mas não preciso de arma para isso. Preciso de paciência, muita paciência e um pouquinho de inteligência e isso eu tenho. Elas, malditas criaturas, logo desaparecerão no abismo. O abismo chama por elas e eu as levarei até ele. Eu tenho paciência.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Eu vou matar

Se eu ainda tinha alguma dúvida hoje acabou. Sim, coisas monstruosas elas são sim, aberrações da natureza, coisas que não deviam existir, mas existem e prevalecem, elas prevalecem, eu me senti tão impotente, eu me senti tão fraca, eu pensei, eu não fiz nada, nada, eu não tive coragem, eu inventei pretextos, eu esperei e esperei e não fiz nada, calma querida, calma, acalme-se-
Se há uma coisa nessa vida que eu não sou é covarde. Eu sei o que tenho que fazer e farei. Não sou covarde para pisar no mais fraco que eu e também não sou covarde para não fazer o que tem que ser feito, mesmo que isso signifique enfrentar criaturas mais fortes do que eu. O primeiro passo para a vitória é admitir a força do inimigo, é conhecer a covardia, e elas são covardes, elas exalam covardia por seus poros imundos, as covardias que foram capazes de praticar me faz vomitar de asco e de ódio. Criaturas podres, calma querida, respire fundo, não vomite, calma, vai passar, calma-
Cadeia? Do jeito que eu vou fazer e vou achar o jeito perfeito, crime perfeito não sei se existe, mentira, claro que sim, existem e aos milhares e milhares por aí. Crime? Justiça? Moralidade? Essas coisas não existem mais aqui. Aqui existe o fraco e o forte e os fracos sucumbem, se conformam ou reagem. Os fracos podem reagir sim, podem estraçalhar, pela frente ou pelas costas, aos berros ou no mais profundo silêncio, com as mãos ou com o cérebro. Eu não sucumbi, eu não consegui me conformar, só me restou uma opção: a justa, a reação. A justiça voltará. Usarei meu cérebro, incansavelmente, até o esgotamento e não for o suficiente, usarei minhas mãos, sim, minhas mãos, tão delicadas, meus longos dedos com unhas finas, sempre cobertas com um esmalte claro, minhas mãos ficarão cobertas de sangue. Eu vou matar, de uma forma ou de outra. Eu vou matar.
Tinha um certo receio de pensar nessa palavra, matar, na frase, eu vou matar. Não tenho mais. Serei eu psicopata? Um monstro travando uma batalha com outros monstros? Dizem os entendidos que psicopatas não sentem e eu sinto tanto, sinto amor, sinto dor e carinho e compaixão. A compaixão é algo  terrível, evito olhar para pessoas jogadas pela rua no Centro da cidade, as vezes machucadas, sujas, bêbadas, mas não é por nojo, é porque me doí e me doí porque sinto compaixão - se eu pudesse transformaria todos os mendigos em borboletas - escrevi isso em um diário há muito tempo, um diário que pus fora, entre tantos outros, todos jogados fora, a minha inocência, minha ignorância perante as barbáries, as minhas crenças ainda infantis, tudo fora. Eu sempre escrevi, desde que me lembro saber escrever,  ao longo do tempo fui pondo fora. Sempre precisei escrever, escrevendo eu penso, eu tiro da minha mente, eu me acalmo, sempre foi assim. Não posso mais escrever em papéis, cadernos, agendas ocupam espaço, podem ser encontrados, lidos, descoberta a autoria. Aqui não, mesmo que alguém leia por aí, não é a minha letra, não é meu blog, não é minha internet, se duvidar não sou nem eu. E quem leria o diário de uma pessoa qualquer, qualquer uma, uma anônima qualquer entre bilhões? Apenas eu, talvez, um dia, leia algo que escrevi por aqui, não sei. 
No  que eu estava pensando mesmo? Psicopata. Dizem que se trata de ser  inteligente, mas isso  não é consenso. Inteligência nunca foi meu ponto forte. Ser dissimulado, dissimulação é comigo, tento ser o máximo que posso, para não criar atritos, inimizade, para conseguir o que eu quero, pelo número de criaturas que me odeiam não estou sendo bem sucedida. Ser mentiroso, e eu minto e minto mesmo, até para mim mesma, as vezes, mas só minto quando é necessário, mentir dá muito trabalho, eu não gosto, tão mais fácil falar a verdade e dane-se,  mas, as vezes não dá. Ser inteligente, dissimulado, mentiroso. O que mais? Manipulador, perverso? Sei lá, dane-se isso.
Eu me acalmei, tenho que pensar em tudo com muita calma. Vou começar a planejar. Eu vou levá-las ao abismo. Eu vou matá-las. 

O abismo grita, chama...z, possa amenizar. odio oddio odio odio odiooooo

 ...por elas, criaturas malditas, malditas, malditas. E eu vou leva-las, uma a uma até ele. Sinto uma dor tão profunda, um ódio tão grande que só a morte,  talve

sábado, 12 de dezembro de 2020

O Último Dia

 Ele chegou. Ele passou. Eu não me dei conta. Lembro-me bem. Tão diferente do que eu imaginei. Tão diferente do que eu tanto esperei. Sem a explosão, sem a alegria, só um dia, como qualquer outro. E a vida seguiu. A vida seguiu como sempre, tão igual. Nenhum ruído, nem um sopro de esperança, nada. E os meus sonhos? Os meus sonhos? Perderam-se, esconderam-se, eu não sei deles. 

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Pandemia e Pesadelo no Inferno

 Eu quase surtei hoje, passei dos limites do bom senso, dos limites do pouco senso que ainda me resta. Estou enlouquecendo nesse inferno frio. Nesse inferno escuro. Nesse inferno de gritos e batidas. E resmungos e críticas. Esse inferno com cheiro de morte. 

Maldita hora que tomei essa maldita decisão. Maldita pandemia. Deixei-me levar pelo medo, agi sem pensar a longo prazo. E aqui estou. 

terça-feira, 17 de março de 2020

Vírus Maldito

E a epidemia, a pandemia esta cada vez mais perto. O número de casos esta aumentando devagar, pelo menos, é o que divulgam. As mortes já começaram por ai. E as criaturas se esbaldando na praia. As pessoas não pensam na coletividade, tem que pensar na coletividade e blá, blá, blá. Quem esta preocupado com a coletividade? Eu não, não mesmo. É claro que eu não quero que as pessoas morram, sofram, mas preocupada estou com os meus e comigo. Eu sei que podemos pegar, podemos morrer, por isso tenho todo o cuidado que posso para não pegar, não transmitir. Porque eu não me sinto imune ou com certeza de que vou ter só sintomas leses se me contaminar. Mas, as pessoas tem essa certeza, não sei de onde. Muitas acreditam que o vírus não vai chegar até elas e suas famílias, outras  nem se importam com família, não amam verdadeiramente ninguém. Gente sem noção, realmente sem noção. Se eu tivesse essa certeza delas talvez também não tivesse cuidado. É claro que, se as pessoas que amo e as que gosto não corressem riscos eu não estaria preocupada assim, cuidadosa assim. Não é bonita, mas é a verdade. Será que é mesmo? Será que eu não tomaria cuidado para não transmitir se não corresse riscos? Eu cuidaria sim, de boa, mas cuidaria, pensaria nas crianças e cuidaria. Como eu gostaria de ser insensível, má. A vida inteira, desde que me lembro, tive  dúvida entre o Bem e o Mal e o Bem sempre prevaleceu, mas o Mal me tenta, me atrai. Eu até penso, mas acabo não fazendo. Se eu deixar no automático viro Maria Boazinha. A minha natureza é boa e eu odeio isso. Ainda há tempo, ainda posso aprender, posso me deixar levar pelo Mal.

quinta-feira, 12 de março de 2020

Eu estou com medo

Muito medo, quase em pânico. Não tanto por mim, mais pelas minhas flores, pela minha família, por ela com saúde tão frágil. E por mim também, é claro. Vitamina C para fortalecer o sistema imunológico, álcool gel, vacina contra os vírus da gripe. O que mais posso fazer? Máscaras, como fazer todos usarem? O tempo todo? Como vou conseguir isso? Agora vacina, se necessário eu mesma aplico. Vitamina C em suco, chá gelado, leite e no que mais der. Estou apavorada. E as pessoas acham que é bobagem essa história toda, exagero da mídia, coisa inventada para ganhar dinheiro, conspiração de grandes laboratórios, acreditam que é qualquer coisa, menos um perigo real. Assim é mais fácil, é mais cômodo. Mas tem os prevenidos também, que saíram enlouquecidos comprando máscaras e com isso o preço disparou. Cento e vinte e nove reais uma caixa com cinquenta máscaras descartáveis, comuns, simples. Um absurdo, mais do que isso, um roubo, mais do que um roubo, uma monstruosidade. Aproveitam-se do medo, da doença, da desgraça, para extorquir dinheiro. Mas é sempre assim, o tempo todo, com tudo, um tentando extorquir o outro, da forma que der. As vezes, acho que o apocalipse já aconteceu e estamos todos no inferno, que o criacionismo é a verdade absoluta, que Deus nos abandonou e o Diabo abraçou os ricos.  

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

As árvores

Mais um Carnaval, passarei cuidando do jardim. Amo plantas, amo profundamente. Incluo nesse amor, o que chamam de erva daninha, tenho pena de arranca-las. As vezes, coloco todas num vasinho separado e deixo-as viverem. E as árvores? Tão lindas! As árvores são as criaturas mais lindas deste planeta. Sinto falta delas, de vê-las, de toca-las. Sinto falta de mato, de terra, de vida.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Nunca

Sempre tive medo de AVC, o terrível derrame, que faz tremer, que entorta, que incapacita, que destrói. Sempre tive medo de infarto, que mata, mata, mata, muito medo. Mas de câncer, nunca. Nem pela nicotina, nem pela fumaça, nem genética, nada. Nunca tive medo, nunca me imaginei com câncer, sempre soube que nunca teria. Assim como sempre soube que nunca me casaria, que nunca teria filhos, que nunca abandonaria minhas flores, que nunca tanta coisa, que nunca mesmo aconteceu. E de repente, aquela mancha horrenda, medonha, apavorante em meu rosto, do nada, uma dália na face, as vezes um mapa, outras uma ostra, meus olhos viram tantos formatos e cores e linfonodos inchados e, e, e..... Eu senti muito medo, pânico, desespero, dor, tristeza, tristeza, desespero por deixar minhas flores tão cedo, tão cedo. O medo foi tanto que ainda agora, não consigo me sentir aliviada, nem um tantinho que seja, todos os sentimentos ruins continuam aqui. Mas nunca é nunca, nunca, nunca! Com o câncer não será diferente. A possibilidade é pequena, muito pequena. Tirarei um pedaço para ter certeza, preferia tirar toda. Ficaria uma cicatriz enorme, disse a médica, podemos apenas cauteriza-la. Pensarei nisso depois, só ficarei tranquila depois do resultado da biópsia. e que vai demorar, com esses malditos feriados e depois de feito leva em torno de 7 dias para ficar pronto, é um absurdo. Mas é o que posso pagar. Malditos ricos, sentados em montanhas de dinheiro, donos da tecnologia, da ciência, da cura. Malditos todos! Mas me sinto grata, tentei me preparar para o exame clínico - suspeita de melanoma - mas foi o contrário, suspeita de outra coisa, a biópsia é apenas para confirmação absoluta que não é, devido histórico familiar, um tanto distante. Me sinto quase grata, aos céus e aos infernos, mas ainda o medo prevalece. Mas passará, o tempo passará rápido e logo não sofrerei mais com isso. Câncer NUNCA!

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Mito Bolsonaro - Latim

Eu tenho que me acalmar. Eu tenho que pensar nas minhas flores e no que é melhor para elas. Eu tenho que engolir, como sempre, engolir. Eu tenho que trancar numa gaveta do meu cérebro e esquecer. Como se isso fosse possível. Superar, esta é a palavra, superar. Nunca farei nada contra aquelas criatura dos infernos, eu sei que não. Passou um flash agora em minha mente, não tenho mais certeza se nunca farei nada para aquela criatura maléfica. Mas agora eu não farei e nem pensarei em fazer. Tenho que ter calma. Pensar friamente. Aguardar os próximos acontecimentos. Aiiiii, meu sangue ferve, como posso pensar friamente? Estou escutando Gregorian - Now we are free - Livre? Nunca estive tão presa em minha vida. Não, já estive sim, tão presa que, não me dava conta que estava presa. Hoje, pelo menos sei, tenho plena certeza da minha condição. Escrever geralmente me acalma, parte do peso do que sinto se dissipa, sempre foi assim. Escrevia em diários, depois que me descuidei de um e alguém leu, eu parei de escrever, tempos depois rasguei todos. Há alguns anos escrevo aqui. Eu sei que aqui o mundo inteiro pode ler e ao mesmo tempo ninguém pode ler.  Aqui posso ser eu por alguns instantes, porque eu não sou eu nunca, em nenhum outro lugar. Eu menti tanto, representei, dissimulei tanto, tanto, que nem sei mais quem eu sou, como eu sou. Agora esta começando Stairway to heaven, reprodução automática do you tube, adoro. tenho tanto em que pensar e não consigo me concentrar em nada, só sinto, sinto raiva, sinto tristeza, sinto, sinto, sinto e quando penso, penso m. Não sei se este negócio que estou fazendo é bom, fiz meio no impulso, precisava encontrar uma saída, precisa fazer entrar dinheiro, sei lá. Não sei. O dia esta acabando, esta chovendo, não tem mais o horário de verão, gostava tanto, o querido presidente acabou com ele, o Mito Bolsonaro. Não votei nele, nunca votarei, tampouco votarei em seus filhos, mas também não votarei mais na esquerda. A esquerda pirou, corrupta sempre foi, assim como a direita e o centro e o diabo que o carregue. Mas a esquerda permitiu demais, distorceu demais. Lula nunca mais. Mas ainda gosto do cara, simpatizo com a Dilma. Aliás, admiro a Dima, uma mulher forte - Divano Messias - daqui a pouco vem - Ameno - Era. Latim é trágico. 



segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Vida desgraçada

Vida desgraçada essa. Vida miserável! É sempre a mesma coisa. Até quando essa maldita criatura vai infernizar a minha vida? Sempre no meu caminho. Que nojo! Asco! Ânsia de vômito! É sempre a mesma coisa! Nunca vai mudar. Nunca!