quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Eu vou matar

Se eu ainda tinha alguma dúvida hoje acabou. Sim, coisas monstruosas elas são sim, aberrações da natureza, coisas que não deviam existir, mas existem e prevalecem, elas prevalecem, eu me senti tão impotente, eu me senti tão fraca, eu pensei, eu não fiz nada, nada, eu não tive coragem, eu inventei pretextos, eu esperei e esperei e não fiz nada, calma querida, calma, acalme-se-
Se há uma coisa nessa vida que eu não sou é covarde. Eu sei o que tenho que fazer e farei. Não sou covarde para pisar no mais fraco que eu e também não sou covarde para não fazer o que tem que ser feito, mesmo que isso signifique enfrentar criaturas mais fortes do que eu. O primeiro passo para a vitória é admitir a força do inimigo, é conhecer a covardia, e elas são covardes, elas exalam covardia por seus poros imundos, as covardias que foram capazes de praticar me faz vomitar de asco e de ódio. Criaturas podres, calma querida, respire fundo, não vomite, calma, vai passar, calma-
Cadeia? Do jeito que eu vou fazer e vou achar o jeito perfeito, crime perfeito não sei se existe, mentira, claro que sim, existem e aos milhares e milhares por aí. Crime? Justiça? Moralidade? Essas coisas não existem mais aqui. Aqui existe o fraco e o forte e os fracos sucumbem, se conformam ou reagem. Os fracos podem reagir sim, podem estraçalhar, pela frente ou pelas costas, aos berros ou no mais profundo silêncio, com as mãos ou com o cérebro. Eu não sucumbi, eu não consegui me conformar, só me restou uma opção: a justa, a reação. A justiça voltará. Usarei meu cérebro, incansavelmente, até o esgotamento e não for o suficiente, usarei minhas mãos, sim, minhas mãos, tão delicadas, meus longos dedos com unhas finas, sempre cobertas com um esmalte claro, minhas mãos ficarão cobertas de sangue. Eu vou matar, de uma forma ou de outra. Eu vou matar.
Tinha um certo receio de pensar nessa palavra, matar, na frase, eu vou matar. Não tenho mais. Serei eu psicopata? Um monstro travando uma batalha com outros monstros? Dizem os entendidos que psicopatas não sentem e eu sinto tanto, sinto amor, sinto dor e carinho e compaixão. A compaixão é algo  terrível, evito olhar para pessoas jogadas pela rua no Centro da cidade, as vezes machucadas, sujas, bêbadas, mas não é por nojo, é porque me doí e me doí porque sinto compaixão - se eu pudesse transformaria todos os mendigos em borboletas - escrevi isso em um diário há muito tempo, um diário que pus fora, entre tantos outros, todos jogados fora, a minha inocência, minha ignorância perante as barbáries, as minhas crenças ainda infantis, tudo fora. Eu sempre escrevi, desde que me lembro saber escrever,  ao longo do tempo fui pondo fora. Sempre precisei escrever, escrevendo eu penso, eu tiro da minha mente, eu me acalmo, sempre foi assim. Não posso mais escrever em papéis, cadernos, agendas ocupam espaço, podem ser encontrados, lidos, descoberta a autoria. Aqui não, mesmo que alguém leia por aí, não é a minha letra, não é meu blog, não é minha internet, se duvidar não sou nem eu. E quem leria o diário de uma pessoa qualquer, qualquer uma, uma anônima qualquer entre bilhões? Apenas eu, talvez, um dia, leia algo que escrevi por aqui, não sei. 
No  que eu estava pensando mesmo? Psicopata. Dizem que se trata de ser  inteligente, mas isso  não é consenso. Inteligência nunca foi meu ponto forte. Ser dissimulado, dissimulação é comigo, tento ser o máximo que posso, para não criar atritos, inimizade, para conseguir o que eu quero, pelo número de criaturas que me odeiam não estou sendo bem sucedida. Ser mentiroso, e eu minto e minto mesmo, até para mim mesma, as vezes, mas só minto quando é necessário, mentir dá muito trabalho, eu não gosto, tão mais fácil falar a verdade e dane-se,  mas, as vezes não dá. Ser inteligente, dissimulado, mentiroso. O que mais? Manipulador, perverso? Sei lá, dane-se isso.
Eu me acalmei, tenho que pensar em tudo com muita calma. Vou começar a planejar. Eu vou levá-las ao abismo. Eu vou matá-las. 

O abismo grita, chama...z, possa amenizar. odio oddio odio odio odiooooo

 ...por elas, criaturas malditas, malditas, malditas. E eu vou leva-las, uma a uma até ele. Sinto uma dor tão profunda, um ódio tão grande que só a morte,  talve

sábado, 12 de dezembro de 2020

O Último Dia

 Ele chegou. Ele passou. Eu não me dei conta. Lembro-me bem. Tão diferente do que eu imaginei. Tão diferente do que eu tanto esperei. Sem a explosão, sem a alegria, só um dia, como qualquer outro. E a vida seguiu. A vida seguiu como sempre, tão igual. Nenhum ruído, nem um sopro de esperança, nada. E os meus sonhos? Os meus sonhos? Perderam-se, esconderam-se, eu não sei deles.