terça-feira, 21 de junho de 2016

Coletivo - Dente - Frio

Andar nesses coletivos no inverno é uma tortura, são fornos fétidos. Sinto-me sufocada, enjoada, tonta. Eu fico imóvel, tentando respirar só pela boca, controlando a náusea. O ser humano é o bicho mais nojento que existe sobre a face da Terra, tenho nojo, nojo. Ontem a noite quando desci daquele forno nojento, mal conseguia caminhar, de tão mal que estava. É nesses momentos que  não amaldiçoo o frio, o ar gelado no meu rosto, na minha alma, foi um presente bom por alguns instantes.
Hoje, as oito horas da manhã, estava tirando um dente,  isso não é coisa de Deus. Anestesia, pontos e a boca dormente, cheia de sangue. Deus não pode ter me feito pra isso. Depois dos procedimentos que já fiz na boca, ter que passar por isso agora não é justo. Mas passei e estou aqui, me entupindo de analgésico, um frio infernal, E tenho que parar de lamentar e de sentir pena de mim mesma e trabalhar.