quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Escolha

O dia escuro, horrível. A noite em claro, taquicardia, vertigem, ódio. Agora eu entendo porque se mata. Onde só conta direitos humanos para bandido, onde  leis são feitas pensando no melhor para bandido, onde de bandido não se mostra a cara, de bandido não se fala o nome, só bandido merece respeito, tenha 16 ou 80, seja o chinelo da vila ou o presidente da Câmara, tem que ter cuidado, com a sua imagem, com a sua privacidade, um tem dinheiro e o outro, coitadinho, é uma vítima do sistema cruel, tem que educar, tem que reintegrar, tem que ajudar, bando de filhos da puta, para continuar matando, estuprando, espancando, mutilando, queimando, enterrando, monstros, criaturas podres não pode acusar, não pode tocar, tem que respeitar seus direitos e o resto tem direito de que? de ficar de boca fechada, querida, de abaixar a cabeça, de escutar, de aceitar, de se conformar, de chorar e chorar e chorar e matar. Aqui, onde os monstros estão em toda parte, na vila, no beco, na esquina, na praçinha, atrás do balcão, no consultório médico, na sala do juiz, na viatura da polícia, na sala de aula,  na Casa Civil, na Igreja, em qualquer lugar se vê, se sente, se pressente, eles estão a espreita. Aqui, onde  pena de morte, prisão perpétua, trabalho obrigatório  e  maioridade penal é considerado desumano. Aqui,  onde se considera 30 anos uma pena máxima  justa para quem mata vários seres humanos, que considera justa a pena máxima de 20 anos para quem estupra uma criança, não há justiça. Aqui, onde se solta bandido porque não tem lugar no presídio, onde se revista maconheiro enquanto os assaltantes fazem a festa nas ruas, onde se prende usuário com uma grama de cocaína enquanto toneladas entram pelas fronteiras, se dá batida em cabaré de adultos enquanto se divulga a exploração sexual infantil para atrair turista, não há justiça. Aqui só há duas possibilidades, a aceitação ou a justiça com as próprias mãos. Eu escolhi a segunda opção.